14 de junho de 2015

“De boas intenções o inferno está cheio”! Um comentário que me serviu de inspiração




Há algum tempo publiquei um artigo no JusBrasil que tratava da Escravidão no mundo; felizmente tive o prazer de receber muitos comentários; a maioria animadores e gentis, outros nem tanto; embora tenha sido um deles a me motivar, na verdade inspirar, a escrever este novo texto.

Em uma parte do comentário a que me referi, tinha uma frase que dizia o seguinte: “de boas intenções o inferno está lotado”.
Talvez ele tenha razão, se existir um inferno, e ele for um lugar ruim, realmente, deve estar transbordando de gente, pois, o ser humano é pior que o "capeta" (se é que ele existe - e for como "pintam").
Existem campanhas em defesa dos animais, associação de pessoas que defendem a natureza (Greempeace, por exemplo), e todo mundo acha lindo (inclusive eu), mas quando se fala em defender outros seres humanos da degradação, da escravidão e da morte, muita gente tira o “corpo fora” e, dependendo da causa, até chega ao ponto de dizer “bem feito, teve por merecer”, como foi o caso dos condenados à morte na Indonésia, onde muitos internautas deram opiniões favoráveis acerca das condenações.
Ninguém merece morrer assassinado, nem mesmo quem matou um outro ser humano. Todos merecem julgamentos justos e humanizados – pagar pelo que fizeram de uma forma que reflitam sobre o erro praticado (matar não é justiça).
A DUDH (Declaração Universal de Direitos Humanos), adotada pela Assembleia-geral da Nações Unidas em dezembro de 1948, reconhece a cada pessoa o direito à vida (artigo 3º) e afirma categoricamente que “Ninguém deverá ser submetido a tortura nem a penas ou tratamentos cruéis, desumanos ou degradantes” (artigo 5º).
A pena de morte é uma punição extrema, degradante e desumana levada a cabo pelos Estados em nome da justiça. Transmite a mensagem de que o ser humano não tem valor, que é incapaz de redenção e que em certas circunstâncias é aceitável matar alguém.
A Amnistia Internacional acredita que os governos têm o dever de proteger a vida humana, não tirá-la.
Acabar com a pena de morte é reconhecer que esta faz parte de uma política pública destrutiva que não é consistente com os valores universalmente aceites. Promove uma resposta simplista em relação a problemas humanos complexos e acaba por evitar que sejam tomadas medidas eficazes contra a criminalidade.
A pena de morte é sintoma de uma cultura de violência, não uma solução para ela. É uma afronta à dignidade humana e devia ser abolida.
A Amnistia Internacional opõe-se à aplicação da pena de morte, sejam quais forem as circunstâncias e trabalha no sentido da sua abolição em todos os países.
Espero não cometer nenhum escárnio contra o autor do comentário que me inspirou a escrever este artigo, mas citarei suas palavras sem citar seu nome:
“Se pelo menos a gente pudesse consultar a opinião do trabalhador "escravizado" em vez de decidir por ele...
Talvez ele, podendo optar, prefira que se compre a camiseta por dois euros, em vez de não comprar e ele acabar perdendo os 16 centavos por hora que lhe garantem o pão para os filhos. É fácil ser "bom" de longe, no conforto de quem pode trabalhar (e talvez pensar) apenas "part-time", sem ter que se colocar no lugar do outro. De boas intenções, o inferno está lotado”.
De boas intenes o inferno est cheio Um comentrio que me serviu de inspirao
O que posso comentar acerca do que ele disse é o seguinte:
No mundo todo existem pessoas submetidas à escravidão e de todas as formas (sexual, trabalhista, marital, etc), duvido que elas quisessem estar na situação em que se encontram, mesmo “ganhando” alguma coisa para sobreviver, e miseravelmente poder “sustentar” os seus, apenas para não morrer de fome, preferiam ser livres para escolher o trabalho que quisessem.
Se nós deixamos de consumir os produtos das empresas que forem comprovadas utilizando trabalho escravo já estaremos fazendo a nossa parte. O “escravo” deixará de ser escravo. A Empresa será multada e seus responsáveis pagarão criminalmente pelo submissão dessas pessoas.
Aqui no Brasil, em se tratando de terras rurais, o infrator a perderá para a reforma agrária ou construção de casas populares.
Por outro lado o autor do comentário não deixa de ter uma certa razão. Gritar aos quatro cantos no conforto do lar também não ajuda muito, mas rechaçar, não contribuir com esse tipo de exploração, deixando de adquirir produtos já é alguma coisa (uma vez que não dá para sair por aí tocando fogo nas fábricas de costura que contrata pessoas a peso de "nada", e nas empresas que encomendam e vendem seus produtos).  Essa parte devemos deixar para o poder público, já que nós, particulares, não podemos penalizar os infratores (muito menos fazer justiça com as próprias mãos).
Acredito que dessa forma estarei fazendo minha parte, se isso me levar a um possível inferno, fazer o quê?

Autoria: Elane F. De Souza OAB-CE 27.340-B


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