8 de julho de 2016

Preconceito, quem nunca praticou ou sofreu que atire a primeira pedra! Os nordestinos que o digam!

"Pré-conceito”, a meu ver não passa de um “julgamento antecipado da lide”(exagerando, claro); todavia, o real significado da palavra na língua portuguesa, sua origem e como ela é entendida no mundo acadêmico, é o que explicaremos a seguir.


Preconceito (por definições Google. Com)
substantivo masculino
1) qualquer opinião ou sentimento concebido sem exame crítico. Ideia, opinião ou sentimento desfavorável formado sem conhecimento abalizado, ponderação ou razão;
2) sentimento hostil, assumido em consequência da generalização apressada de uma experiência pessoal ou imposta pelo meio; intolerância. " p. Contra um grupo religioso, nacional ou racial ";
3) conjunto de tais atitudes;
4) psicn qualquer atitude étnica que preencha uma função irracional específica, para seu portador. " p. Alimentados pelo inconsciente individual "
Origem
Etimologiapre + conceito
De “pré-“, “antes, à frente”, mais “conceito”, ou seja, “fazer uma escolha ou emitir uma opinião antes de conhecer os fatos”.
A palavra parece ter sido feita dentro do Próprio Português, usando derivados de PRE “antes” do Latim e o CONCEPTUS, “resumo”, inicialmente “algo preparado, concebido”, de CONCIPERE, “conceber”.

Mas o que realmente é preconceito?


Preconceito é um juízo pré-concebido, que se manifesta numa atitude discriminatória, perante pessoas, crenças, sentimentos e tendências de comportamento.  É uma ideia formada antecipadamente e que não tem fundamento sério.
O preconceito pode acontecer de uma forma banal, até um pensamento, por exemplo: que feio, que gorda, que magro, como é burro este negrão. Há um sentimento de impotência quando se pretende mudar alguém.
Existem diversas formas de preconceito, citaremos algumas para que posteriormente possamos demonstrar que esse tipo de atitude não passa de hipocrisia, partindo de pessoas com personalidade intolerante, ou até por falta de conhecimento – ignorância, simplesmente, mas, mais comum que “andar de bicicleta”.

As diversas formas de preconceito e seus porquês!


Existem diferentes manifestações e tipos de preconceito, sendo as formas mais comuns o preconceito socialracial (racismo) e sexual (sexismo ou homofobia). 

Nas características comuns a grupos, atitudes preconceituosas são aquelas que partem para o campo da agressividade ou da discriminação. O preconceito faz parte do domínio da crença pois tem uma base irracional, não do conhecimento que é fundamentado no argumento ou no raciocínio.
Existe também o preconceito linguístico, que consiste numa discriminação sem fundamento contra variedades linguísticas. Esse preconceito é também um preconceito social, e tem como alvo pessoas que falam de forma diferente devido a algum motivo histórico. 

Marcos Magno, professor, linguista e escritor brasileiro escreveu a respeito do preconceito linguístico, desconstruindo oito mitos relacionados com a cultura brasileira e com a língua falada no Brasil.
Também é possível identificar o preconceito religioso, onde um indivíduo é discriminado pela sua prática religiosa ou por não possuir uma. Por exemplo: num aeroporto, muitas pessoas ficam nervosas se vêem alguém e presumem que esse indivíduo é muçulmano, pois partem do princípio que todos os muçulmanos são extremistas/bombistas.
Algumas pessoas também são discriminadas dependendo do local onde nasceram. No Brasil, por exemplo, muitos nordestinos são discriminados por causa do preconceito que está arraigado na sociedade. Esse é o tipo que daremos ênfase neste artigo.

Preconceito contra nordestinos - nele inserido o linguístico ou social


Como já disse em artigos anteriores, praticamente não vejo TV, no entanto vejo You Tube e algumas páginas oficiais das emissoras de TV.   No final das contas acaba sendo quase a mesma coisa já que nelas podemos acessar tudo que passa na TV (então, o melhor é selecionar o que se vê); todavia, de vez em quando a gente não resiste e acaba acessando algumas inutilidades que, por sinal, até servem de algo – inspiração para escrever este artigo é esse “algo” de que falo!
Ao clicar em vídeos do youtube sobre preconceito contra nordestinos vi um que se originava do programa CQC da Band. Tratava-se de uma pesquisa de rua feita por dois “repórteres/atores”, um fazia a referida reportagem no Rio de Janeiro e o outro na Cidade de São Paulo.
Nunca ouvi tanto absurdo pronunciado por pessoas entrevistadas (as imagens foram preservadas pois, as respostas que deram não passaram de crimes de preconceito). 

Os repórteres eram orientados a falar o que falavam, ou seja, perguntar se SIM ou se NÃO que os Estados de RJ e SP deveriam pagar para os nordestinos irem embora já que sujavam muito a cidade e eram mal educados - falavam alto. Uma maioria dizia sim, alguns que diziam não era porque necessitavam deles para limpar as ruas ou suas casas como empregadas domésticas ou babás, só uma minoria parecia indignada pelo preconceito que o repórter/pesquisador demonstrava ter.
Para essa maioria os nordestinos serviam apenas para limpar o chão da cidade ou servi-los como porteiros, babás, motoristas de ônibus ou domésticas. A justificativa era o sotaque feio e semi -analfabetismo.
De início o programa mostrou outro tipo de pesquisa. Um rapaz com sotaque nordestino ligava para alguns anúncios de aluguel e perguntava se ainda estavam alugando a vaga para estudante ou o apartamento. A maioria das respostas que obteve foi de que a vaga já não existia; no entanto, quando o rapaz do CQC (com sotaque paulista) ligava, apenas 15 minutos depois, a resposta que obtinha era outra - a maioria das "vagas preenchidas" para o nordestino, na verdade, ainda existiam para o paulista; o que significa que as pessoas não querem nordestinos em seus imóveis, muito menos como companheiros, dividindo vaga em apartamento de estudante.
Esse tipo de preconceito faz com que pessoas, como esse estudante da pesquisa (que procurava apartamento) fale pouco nos ambientes onde circula (trabalho, escola, lazer) e quando o faz esforça-se muito para demonstrar um outro sotaque – é quase um preconceito contra si próprio, o orgulho pela origem desaparece pois o que lhe proporciona é mais tristeza, segregação e falta de oportunidade, que alegrias.
Preconceito quem nunca praticou ou sofreu que atire a primeira pedra Os nordestinos que o digam
Preconceito

O pior é que, além do preconceito de que já falamos ainda existem aqueles que colocam apelidos pejorativos e que fazem “zoação” com a terra alheia sem nunca, sequer, ter passado perto.  Quem não conhece alguém assim, vazio, ignorante; alguém que toma a exceção como regra?
Felizes daqueles que, como eu, tiveram o privilégio de escolher o nordeste para viver e amar; apesar da distância que me separa das raízes, de toda uma família, hoje é o nordeste que me faz feliz!

Personalidades nordestinas que todos gostariam de ter ou ter tido por perto e não se envergonhariam


Jorge Amado, Ariano Suassuna, Chico Anísio, José Wilker, Raquel de Queiroz, Daniela Mercury, Ivete Sangalo, Dominguinhos, Raul Seixas, Nelson Rodrigues, Vagner Moura, Vladmir Brtcha, Djavan, Frank Aguiar, Lázaro Ramos, Luiz Gonzaga, Geraldo Azevedo, Aguinaldo Silva, Arlete Sales, Caetano Veloso, Alcione, Tom Cavalcante, Marco Nanini, Graciliano Ramos, Zé Ramalho, Cacá Diegues, alceu Valença, Dorival Caimi, Elba Ramalho, Gal Costa, Gilberto Gil, Luiza Tomé, etc.
- Qual a finalidade em citar gente famosa como exemplo de nordestino?  Simples. A maioria da população só dá valor a fama e ao dinheiro, sendo assim aí estão, pessoas de renome no cenário nacional pela música, teatro, literatura e comédia. Sem falar na política nacional, mas como é algo que causa mais vergonha que orgulho prefiro me ater aos ramos já citados, todavia para quem deseja saber, contrariada, relacionarei, alguns políticos que saíram do nordeste e ficaram na memória:
Marechal Deodoro da Fonseca, Alagoano; Marechal Floriano Peixoto, também Alagoano nascido na Província de Ipioca; Epitássio Pessoa nasceu na Paraíba; Café Filho (Presidente de 1954 a 1955, foi deposto – nasceu no RN); Marechal Humberto Alencar Castelo Branco nasceu em Fortaleza – CE; e Luiz Inácio Lula da Silva (esse, muito mais vergonha que orgulho – não pela nacionalidade, mas pelas ações), nasceu em Garanhuns, Pernambuco. 

Aliás qual dos citados dá orgulho a alguém apesar de serem nordestinos? A política e os políticos, neste país, não dá orgulho a ninguém, seja de que região e partido for!  Com essa citação, acabei de cometer um crime de preconceito contra os políticos e a política (generalizei)!

Mas é assim - nunca disse ser isenta de preconceitos, apenas me policio para evitar praticá-los contra quem não merece, como: homossexuais, analfabetos, índios, negros, brancos, pessoas com necessidades especiais, baixos, altos, gordos, bonitos, feios, idosos, crianças, animais, etc; além disso não ser xenófoba!
Pré-conceituar o diferente é quase comum e ser vítima também! Quem nunca foi vítima ou proferiu palavras preconceituosas contra alguém “que atire a primeira pedra”?!  

É bem difícil encontrar alguém que nunca tenha passado por preconceito. Mesmo que seja há muito tempo, dentro das escolas, quando criança. Na época, já partíamos para esse tipo de agressão mesmo sem saber qual o nome dado a ela (a agressão - bullying, uma forma de perturbação que não passa de preconceito ou racismo contra o diferente).
Chamar alguém de feia, magricela, gorducha, cabelo ruim, pobretona, bichinha, viadinho, sapatona é tão comum nas escolas onde estudam crianças e adolescentes que chega a ser “normal” – hoje, todavia, é uma espécie de preconceito modernamente chamado de “Bullying”, que também pode ser punido.
Ao nos tornarmos adultos é mais difícil praticar a maioria das ofensas que foram citadas no parágrafo anterior; no entanto, é comum termos medo de circular por certos bairros pois lá habitam muitos drogaditos, acontecem muitas mortes e estupros na região, além disso, ter amizade com alguém que vive ali não é “recomendável” – é o que muitos de nós pensamos antecipadamente, ou seja, julgamos os moradores do local pelo que lá normalmente acontece.  Isso também é preconceito, com certeza eu e você já o praticamos.
Preconceito quem nunca praticou ou sofreu que atire a primeira pedra Os nordestinos que o digam
preconceito é assim
E fazer amizades com alguém de religião distinta da nossa? Um exemplo disso são os evangélicos com os espíritas e umbandistas, não vejo muitos se relacionarem; ateus e avangélicos; corinthiano e palmeirense; sulistas e nordestinos se casando (exceções sempre haverão – em todos os casos citados, todavia são mais raros devido, justamente, pelo preconceito que os cercam).
Nesse diapasão é que digo, sem medo de errar, que uma maioria, quase absoluta de nós, é “criminosa” e intolerante! Negar isso é ser falso moralista! Melhor nos policiarmos cada dia, quiçá conseguiremos abrir mão deles e ser feliz junto, com as diferenças que são comuns no mundo!
Preconceito quem nunca praticou ou sofreu que atire a primeira pedra Os nordestinos que o digam
Henry Thoreau


Para finalizar veja o que diz a Lei 7.716/89 com alterações:
Art. 1º Serão punidos, na forma desta Lei, os crimes resultantes de discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional. (Redação dada pela Lei nº 9.459, de 15/05/97).
(…)
Art. 4º Negar ou obstar emprego em empresa privada.
§ 1o Incorre na mesma pena quem, por motivo de discriminação de raça ou de cor ou práticas resultantes do preconceito de descendência ou origem nacional ou étnica: (Incluído pela Lei nº 12.288, de 2010)

Fontes: http://www.significados.com.br/preconceito/; Notícias BOL; e mundovestibular. Com
Autoria: Elane F. De Souza OAB-CE 27.340-B
Fotos/Créditos: nilsonsa. Blogspot. Com e kidfrases. Com

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