O título deste artigo foi extraído da entrevista que a Ex-Ministra do CNJ (Conselho Nacional de Justiça) Eliana Calmon, hoje aposentada, deu para a revista IstoÉ (Edição 2446 de 21/10/2016).
"Nesse mundo de poder cada um tem um dono": essa foi a frase publicada pela referida revista e creditada como sendo de sua autoria. Em outras palavras, todo político teria o "rabo preso" com algum, alguns ou todos os patrocinadores de campanha!
*Veja a obra LAVA JATO de Vladimir Netto - aqui.
*Veja, também, "Diários da Presidência - 1995", aqui.
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Bem, qual a novidade nisso? Qualquer um neste país de corruptos sabe disso, inclusive eles, os políticos, só não tem coragem para assumir como fez a Ex-Ministra Calmon ao ser perguntada pela redação da IstoÉ.
A pergunta em questão veio do fato de ela também ter sido candidata a Senadora pelo Estado da Bahia em 2014 pelo PSB (não foi eleita). Abaixo dois trechos da entrevista da IstoÉ:
"Todo mundo (que pleiteia o cargo) promete, todo mundo tem padrinho político e esses padrinhos cobram e cobram. Ou seja, nesse mundo de poder, cada um tem um dono. Por isso eu sempre achei execrável essa forma de escolher ministro, porque fica com o pires na mão pedindo a todo mundo. E os advogados sabem exatamente, quando querem alguma coisa, a quem pedir. Pedem aos padrinhos políticos, para que peçam (aos magistrados) por eles. Quem quebra esse ritual termina ficando na vitrine. Começam a dever favor a partir da entrada na lista. Aí os colegas dizem assim: “Eu votei no seu nome, portanto você tem que contratar fulano para o seu gabinete, tem que empregar tantos assessores.” É assim que funciona no poder".
(IstoÉ) A senhora também teve padrinho político.
Sim. Quando cheguei ao Senado para a sabatina e me perguntaram o que eu achava desse sistema de escolha, eu disse: “Acho terrível, porque as pessoas ficam nas mãos dos padrinhos políticos”. Aí me perguntaram se eu havia tido padrinho. Respondi: “Lógico, se não eu não estaria aqui. São fulano, ciclano e beltrano”. Assim que disse quem eram, eles já não podiam me pedir nada.
Portanto, como poderemos ter pessoas imparciais no poder se a coisa funciona e vai seguir funcionando assim até sabe lá quando?
Elane, setembro 2016 |
Em cargos de menor importância, como no caso de vereador, pode ser que a mudança chegue mais rapidamente. Há alguns dias li uma reportagem sobre uma senhora que teria sido eleita vereadora em sua cidade gastando apenas R$ 21 reais; isso ela teria utilizado (do próprio bolso) para as fotos de campanha - a leitura em questão deu-me alguma esperança!
Maria José Galdino da Silva, conhecida como Zezé Parteira, foi a única mulher a se eleger em Caruaru-PE no ano de 2016 (candidata pelo PV). Exerce a função de parteira desde os 18 anos, agora com 59 anos vive na zona rural mas ainda trabalha; é contratada da saúde pública do município, justamente para ajudar nos partos.
Sua façanha deve ser comemorada pois, além de mulher é a única que nada gastou para conseguir uma vaga na Câmara Municipal. Obteve 945 votos; isso, certamente, para infelicidade de muitos!
No entanto, quase nada funciona assim por aqui - a maioria, quase absoluta das campanhas, são financiadas. Quando o político ganha a cobrança é certa, fato esse que não deixa (não sobra) espaço, muito menos dinheiro para o candidato fazer pelo povo o que prometeu, sendo assim os únicos que se beneficiam da eleição de alguém são os que financiaram, o próprio eleito e sua família!
Uma vez que não podemos mudar isso, pelo menos rapidamente, como desejamos, que mudemos a nós mesmos, criando vergonha na cara, deixando de ser os palhaços a serviço do "voto obrigatório" - afinal, somos uma Democracia ou o que?
Por Elane F. de Souza, Advogada OAB-CE 27.340-B, e Autora deste Blog com fontes de:
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