19 de agosto de 2018

'Childfree', conveniência ou preconceito?

No ano passado (2017) muito se falou da onda que vem surgindo no mundo, chamada 'childfree" (livre de crianças), em hotéis e restaurantes.

O que pode parecer preconceito, em nosso entendimento, nada mais é que conveniência do nicho. 

Eu, por exemplo, alugo um apartamento, via AIRBNB, desde 2014. Fiz o cadastro no aplicativo em 2012 e, mesmo naquela época, meu imóvel já podia ser disponibilizado da forma como quisesse - assim, exclui a possibilidade de hospedar menores de 14 anos. 

É uma opção do proprietário - muitos não aceitam animais e está tudo bem; porque não haver a opção de proibir ou não aceitar crianças?  

Geralmente, as empresas oficiais (os CNPJ) que fazem isso é porque não estão adaptados para receber crianças e/ou acreditam que elas não são boas o suficiente como clientela. "São barulhentas, desobedientes, correm entre garçons e outros clientes, derrubam e destroem coisas, as menores choram, etc".  

Em se tratando de Brasil, o problema maior é que criança pode tudo! Inclusive dar prejuízo aos donos de restaurantes e hotéis e no final, ficar por isso mesmo! Nem uma "olhadura" mais reprovadora, o gerente ou proprietário, pode dar que o pai ou mãe já fica furioso! Quanto mais cobrar!  É por isso que a maioria delas (das crianças) "criaram asas"!  As educadas, são prazerosas de se ver e ter por perto; mas, infelizmente são minoria e a culpa (quase sempre) é dos pais!

É diferente de proibir a entrada de negros, muçulmanos, gays, lésbicas; por xenofobia ou qualquer preconceito puro e simples. Há uma explicação LÓGICA e plausível para NÃO aceitar crianças como clientes. Já, as pessoas citadas anteriormente, NÃO!

Hoje, existe inúmeros estabelecimentos "childfree", pelo mundo! 

Grande parte age dessa forma porque simplesmente é o nicho deles. "Hotéis para adultos em lua de mel; hotéis para casais sem filhos; hotéis para desfrutar do silêncio"! Quem poderia obrigar um hotel que escolheu esse tipo de nicho a receber crianças?

E há mais!  Você sabiam que existe até empresa de aviação com área "silenciosa"? Pois é; segundo consta a Air Ásia tem uma ala assim para vôos de longa distância. Ela é destinada a pessoas acima dos 12 anos.

Quem viaja muito para o exterior (e nem precisa ser tanto assim) já deve ter passado horas a ouvir crianças chorando. Claro que a criança deve estar sofrendo algum efeito da altitude (como dor nos ouvidos, por exemplo); mas, o que eu e você, que não somos os pais e estamos pagando, temos a ver com isso?  

Uma viagem internacional geralmente é longa e cansativa - ter um bebê ao lado, chorando o tempo todo, dá até fadiga (experiência própria). Tudo isso, somado ao inchaço nas pernas e a falta de espaço para se esticar (classe econômica); deixa a pessoa ainda mais cansada e fatigada, pós viagem, que o normal!
família de férias
Família com crianças

Quando escolhi não alugar meu apartamento para famílias com crianças menores de 14 anos foi pensando, primeiramente, na vizinhança.  Tenho um lema: o que não quero para mim evito o máximo fazer com os outros.  Já que meu prédio não é um hotel, preferi alugar para no mínimo 1 semana (evitar 'entra e sai'); a opção de childfree veio do barulho que poderiam fazer para os vizinhos; em segundo lugar, EVITAR que meu apartamento se transformasse em um mural de rabisco - agi assim, porque não posso controlar filhos alheios, tampouco tenho um administrador, em tempo integral, para fazer constante vistoria de entrada e saída (ponto por ponto, do apartamento) e descontar da caução.  E, o mais lógico de ter agido assim é não acreditar nos pais - quando o imóvel é deles os filhos fazem o que querem; alugado ENTÃO?

Qualquer empresário ou administrador que fizer uma exigência como essa que fiz, terá seus motivos e geralmente não é discriminatório - é apenas conveniente! No meu caso se justifica mais porque é o único imóvel que tenho - se fazem dele um 'antro', o dia que voltar terei mais prejuízo com reforma, que o lucro que tive com os aluguéis (e não é essa a finalidade de ninguém que aluga).

Afortunadamente, para pais de crianças e adolescentes, no Brasil, a 'moda' do childfree ainda engatinha. Crianças aqui, além de serem tratadas como reis pelos pais e pela sociedade, ainda tem privilégios que poucos têm!
Foto: DW / Deutsche Welle
Foto: DW / Deutsche Welle

Até certa idade, em ônibus urbanos, não pagam; muitos restaurantes não cobram dos mais pequenos e só 1/2 dos maiores (até 12, por exemplo); nos vôos, crianças de colo não pagam; em cruzeiros são grátis (dependendo da idade, e o ano todo); na maioria dos hotéis, famílias com pequeninos não contam 'por cabeça' - só os adultos são contados e pagantes.  

A vida aqui ainda é um paraíso para papais e mamães - praticamente todo lugar aceita criança - exceto motéis e alguns bares noturnos (e olhe lá!)! 


Notícias sobre o tema


Em maio de 2017 o tema até virou assunto para ser discutido na Câmara Federal. O Projeto de Lei do Deputado Mário Heringer (PDT-MG), que tinha como finalidade vetar estabelecimentos que proibissem a entrada de crianças e adolescentes, foi rejeitado pela Comissão de Desenvolvimento Econômico (sobre essa notícia aqui) ou pela BBC aqui.

Outra interessante notícia é a que foi apresentada no domingo Espetacular (agosto 2017) - mais sobre isso aqui.

E você, o que acha do tema?  Deixe sua opinião ou crítica a quem age dessa forma - valendo, inclusive, comentários contra a autora por agir assim!
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Por Elane F. de Souza (Advogada e administradora dos Blogs Diário de Conteúdo Jurídico e Divulgado Direitos - e DCJ no facebook).
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Imagem/Créditos: pixabay grátis e Foto: DW / Deutsche Welle

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