19 de março de 2019

Filho "explorado" é exemplo de amor incondicional à mãe

Uma história que vi e ouvi, via internet (do programa apresentado por Rodrigo Faro) foi de 'cortar o coração'; no entanto, fez-me refletir uma e outra vez, como sempre venho fazendo há tempo, por meio de alguns artigos que escrevi aqui, e no JusBrasil.

Como podem, pais, colocarem filhos no mundo para fazer o que fez esse pai e o que faz essa mãe - transformada em ídolo para o menino de 16 anos; eu, todavia o considerei como "explorado" por ela!

É admirável trabalhar e ser como ele é; entretanto, considero cruel pois ainda é um adolescente; devia apenas estudar, trabalhar como jovem aprendiz ou estagiário (em tempo parcial) e fazer atividades esportivas que goste; mas não, tem suas obrigações diárias desde os 8 anos: acordar às 4 da manhã para começar a trabalhar (uma rotina que só termina após chegar da escola, à noite, fazer o recheio das coxinhas que vende durante o dia, e só então dormir).

Isso é vida para um menino de 16 anos?  

Trabalhar para criar irmãos e mãe, pessoas que ele não colocou no mundo, tampouco ele pediu para vir ao mundo!?


Filho, só deve ter quem pode, hoje em dia colocar um filho no mundo é um luxo para poucos!  

O Brasil, principalmente para pessoas paupérrimas, que vivem em locais de alto risco ou favelas, é um lugar muito perigoso para criar filhos: crianças e adolescentes. 

Algumas vezes eles (os filhos) acabam se envolvendo com o crime organizado (são aliciadas enquanto os pais trabalham); quando demasiadas boas, honestas por natureza (como esse garoto) são usados pelos próprios pais para trabalhar e sustentar os demais (os que ficaram em casa - como irmãos menores e ou genitores desempregados).

O mais interessante é que a história foi contada, pelo apresentador e pela repórter, como algo lindo, algo maravilhoso!  Se querem dar o que o menino necessita e sonha (material patrocinado para fabricar salgado) que dê, mas contar a história dele como se fosse algo lindo, é de cortar o coração!  
hora do Faro garoto ganha fábrica de coxinha
A História do menino no referido programa da Record.

Ele, nada mais é que um menino explorado por um pai que abandonou após o divórcio (não paga pensão, tampouco o visita) e por uma mãe que se aproveita da boa vontade dele e do gosto natural pelo trabalho, para colocá-lo nas ruas, em meio ao sol e possível chuva - isso, sem contar que parece ser ele mesmo, o maior responsável pela fabricação do produto vendido!

No final das contas a história contada valeu para alguma coisa - ganhou uma mini-fábrica de salgados e vai poder trabalhar menos e ganhar mais; quiçá, até empregar ajudantes, como era o sonho dele (isso foi bom para os três - para audiência do programa, para a empresa que fez uma longa publicidade e principalmente para o garoto, que ficou super feliz e realizado)!

Lamentavelmente, esse é apenas um dentre centenas, quiçá milhares de crianças que vivem pelas ruas deste país fazendo o mesmo que ele fazia: vendendo água ou suquinho, salgados em geral ou pedindo em sinal de trânsito à mando dos pais!

Quando é que iremos aprender ou visar o controle de natalidade?  

Vocês realmente acreditam que vale a pena ter filho para explorar?

Vocês realmente acreditam que um ser humano, que não pediu para nascer, merece ser obrigado a ir para as ruas, ainda criança, porque seus irresponsáveis pais não souberam ou não quiseram se prevenir?

Vocês realmente acreditam que uma gravidez acidental (não planejada, não querida) vale a pena seguir até o fim?


Muito mais eficaz e decente é o aborto; assim, ninguém sofre por rejeição ou exploração!  Um feto (de 12 semanas ou 3 meses) ainda não tem consciência de vida; não sofrerá, tampouco recordará que foi abortado - você sim saberá e terá consciência de que abortou; mas se não tinha a menor vontade, amor, aptidão ou recursos financeiros para criar, SINCERAMENTE, você fez a melhor escolha para os dois (para você e para o feto).

Em condições "acidentais" (esquecimento da pílula); estupro, feto anencéfalo (sem condições de vida viável); ou gravidez em pessoas de condição social miserável; ou com alguma doença incapacitante (que não possa criar, porque é vulnerável e já são responsabilidade de outros, judicialmente falando), sou favorável ao aborto e, se pudesse faria campanha pública, em favor! 

Não entendo qual o problema em aprovar o aborto! Tantos países já o fazem (Portugal, onde já vivi é exemplo disso) e o contrário do que acreditam o número de aborto sempre cai; afinal, atrás de uma autorização há sempre uma conscientização e ajuda psicológica, antes de praticar o ato.

Geralmente, crianças bem pequenas sequer se recordam de suas vidas enquanto bebês (grandes acidentes ou traumas são esquecidos); imagine a consciência que teria um feto ao ser abortado!?  

Consciência devemos ter nós antes de colocá-los no mundo para sofrerem, adoecerem, morrerem, trabalharem para sustentar outros e depois de tudo isso, no final de nossas vidas, exigir deles que nos cuide, que sejam responsáveis por nós, porque fomos nós que fizemos o "FAVOR" de trazê-los à esse inferno, chamado mundo!

Amor, dedicação e empatia é a coisa mais importante no mundo; só não devemos esquecer que ter essas qualidades para quem nos colocou no mundo não é uma obrigação; afinal, nascer NÃO foi escolha nossa!

*Obs.: aqui só faltou eu processar meus pais por me colocarem no mundo! (rsrsr); só uma piada para espairecer o texto!

Por Elane F. de Souza (Advogada, articulista do JusBrasil e de seus Blogs Divulgando direitos e Diário de conteúdo Jurídico)
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Fonte: hora do Faro


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